Recap | American Gods – Head full of Snow (S01E03)

15 de maio de 2017

O terceiro episódio deixou claro que a morte será um tema recorrente na série

No terceiro episódio de American Gods, apesar de não começar com um “Vindo para a América”, ficou claro que um dos temas recorrentes da série sempre será morte. A morte de Laura Moon, a morte dos guerreiros exploradores noruegueses, a morte dos ganeses no navio holandês, a morte da fé e então a morte de Jesus e o julgamento pós morte da senhora Fadif.

Em vez de Mr. Ibis, quem abre Head full of Snow é seu sócio, Mr. Jacquel, sonoramente identificado como o deus egípcio Anúbis, o deus dos mortos, para buscar a alma de uma gentil dona de casa muçulmana que morreu ao cair de um tamborete na cozinha. Preocupada em preparar um jantar perfeito para a família grande, oito netos, ela nem se deu conta da tragédia e apenas continuou cozinhando.

Anúbis, interpretado por Chris Obi, tem um sorriso triste, uma expressão de bondade mas ao mesmo tempo de peso, afinal, é ele quem vai pesar o seu coração, de assim o acreditar, para saber se foi uma boa pessoa. Senhora Fadif foi.

Outra figura do folclore do oriente médio que apareceu foi o gênio da lâmpada, mais precisamente um Jinn, um Ifrit ou Marin. Taxista que não concede desejos, pelo menos diz que não, mas que após uma noite junto com um vendedor de quinquilharias, lhe concede uma profissão mais rentável. Aqui, American Gods entregou um tema delicado e tocante, em uma cena de sexo gay com significado profundo, tanto pelo presente deixado pelo ser mágico, quanto pela liberdade desfrutada em um hotel em NY, coisa que seria punida com a morte em seus países de origem.

O Jinn Ibrahim bin Irem, interpretado pelo ator Mousa Kraish, é o mesmo que Shadow já havia visto se reunindo com Mr. Wednesday em Chicago. É interessante também notar que as duas entidades do oriente médio são pacíficas e acolhedoras, longe do estereótipo terrorista que se instalou nas mentes dos americanos.

Antes, na casa das Zoryas e Czernobog, Shadow Moon sonha/comunga com a Zorya mais novinha, a Polunochnaya, a estrela da meia-noite. Donzela que guarda os céus com as outras irmãs, ela fala de um cão não saia de perto da Ursa Maior, que pode sair do firmamento e trazer destruição, como no quadro na parede do apartamento que Moon observou no episódio anterior.

Ao acordar ele desafia Czernobog a uma nova partida. Moon ganha, e Czer topa ir com ele e Wed até Wisconsin, e então a cabeça do herói estará à mercê da marreta sangrenta outra vez.

Em uma conversa muito bonita, mas com um final bem triste, Zorya Vechernyaya, interpretada pela magnífica Cloris Leachman, diz para Wed que ele perderá a guerra e dessa vez será morto. Antes, ele lembra a ela como as irmãs Zoryas já foram adoradas, como havia brilho, e ela se lembrou que abria o portão todas as noites quando seu pai voltava para casa.

Após conhecermos os panteões nórdico, eslavo, pré-islâmico, africano e egípcio, foi a vez de American Gods citar um mais familiar ao espectador brasileiro: o cristão. Em um momento que dá nome ao episódio, quando Wednesday pede para Moon pensar bastante em neve, ele fala sobre a crença de que Jesus morreu pelos pecados dos que o cultuam hoje. Mas ora, diz o deus nórdico, se o pecado é da mulher segurando o cartaz, por que Jesus é que tem de sofrer?

Moon diz que “Seu pai o entregou para nós” e Mr. Wed rebate “nunca culpe o pai”, em um lampejo de sua própria relação familiar em Asgard. Odin explica então, que ao contrário dos outros deuses antigos, Jesus está indo muito bem, mas que existem vários Dele. “Há o Jesus branco, estiloso. Há o Jesus mexicano, há o Jesus (seu brother) africano. Tem também o Jesus grego” – aqui se lê as vertentes católica, mexicana, protestante e ortodoxa do cristianismo”. Shadow então solta “é muito Jesus” e Odin sério repreende “há muita necessidade de Jesus, tem muito Jesus”.

Nosso leprechaun aparece, sem sorte nenhuma, jogado no banheiro do bar, quase pega um tiro, depois pega carona (não sem antes se certificar de que não será estuprado), o motorista morre num azar horrível e então ele se lembra de procurar nos bolsos a sua “moeda da sorte”. Ao chegar em Chicago pergunta para Shadow que diz que deixou a moeda no túmulo de Laura. Corta para Mad Sweeney escavando a sepultura de Laura Moon para dar de cara apenas com um buraco redondo em um caixão vazio.

Mas, além de morte, Head full of Snow teve outro tema recorrente, a crença. Acreditar, mesmo que infimamente, em algo, que seja na neve, que seja que você trouxe a neve. Anúbis vai buscar uma senhora que só acreditou nele quando menina; Zorya Polunochnaya lê o futuro de Shadown e não vê nada, porque se ele não acredita em nada, não tem nada, é um homem indo de lugar algum para lugar nenhum; já Votan/Odin/Wōden pede ao seu contratado que acredite em algo, e confessa que o seu maior medo é ser esquecido.

O episódio termina com Laura no quarto do hotel de Shadow na estrada. “Hi, puppy”.